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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Banda Sony causou frisson do público no durante seus shows

Para aqueles que pensam que cover começou a existir agora, estão redondamente enganados. O grupo formado no inicio dos anos 60 por seis componentes, tocou nas rádios e em programas de televisão, como Poder Jovem, apresentado por Waldir Serrão, da Rede Tupi (atual Itapoan), fazendo imitações das músicas de sucesso, algo que era bastante comum na ocasião.

Jovens que apesar de sofrer descriminações da sociedade naquela época, se notabilizaram principalmente pelas versões gravadas por outros artistas. “Eu estava supersaturado, porque naquela época enfrentávamos uma descriminação muito grande. A maioria dos associados dos clubes achava que os músicos eram pessoas sem qualificação, sem estudos, sem formação, sem nível social, cultural, pessoas ligadas a bebidas, de bairro e família humildes”, relata o ex-componente da banda Alberto Martinez.

Tornaram-se um sucesso se apresentando em bailes, nos clubes e boates famosas da época, com a banda de nome Sony, formada por Alberto Martinez (vocalista e tecladista), Carlos Marques (guitarrista), Helinho (percursionista, Nedo (baterista), Lauzinho (baixista), Luis e Ratinho (pistonistas), que se especializava em versões das músicas do Renato e seus Blue Caps e outros artistas. Mas, desenvolveu também um estilo próprio de interpretação. “Não tínhamos versões próprias e cantavámos músicas de cantores que tinham um determinado conceito na época, dando uma nova personalização na música”, diz Alberto Martinez.

A banda Sony se originou por uma idéia de Carlinhos Marques, que por causa de uma deficiência visual e em 1972, resolveu dar um outro rumo a sua vida, aceitando um convite para participar de um outro grupo no Japão. Em seu lugar ficou Martinez, que acompanhou a banda até o dia 08 de dezembro de 1977, data em que o grupo terminou, em um baile de medicina, no Clube Baiano de Tênis.

Martinez participou da Hora da Criança, onde gravou um LP no studio JS, Edifício Sulacap. Na época, Gilberto Gil, trabalhava lá e fez a mixagem. Hoje, Alberto Martinez (foto) tem o seu próprio negócio, Beto Pneus, e ao lhe perguntar se tem vontade de voltar a cantar ele responde: “Existe uma lacuna no mercado para aquelas pessoas dos seus 35 anos para cima, aquelas pessoas que querem dançar com romantismo, com glamour, ouvir uma boa música acompanhada de um bom uísque e um bom bate papo e que esteja com segurança”, termina aos risos.

Entrevista com Alberto Martinez

Luci: Qual seu nome artístico?

Alberto Martinez: Alberto Martinez, foi o nome que eu mantive ainda quando cantava na televisão, junto ao grupo Sony e depois também profissionalmente nos mercados de capitais onde trabalhei e mantenho até hoje.

Luci: Em que lugares vocês costumavam a se apresentar?

Alberto Martinez: Em clubes, como o Baiano de Tênis, Iate Clube, boates e bailes da época.

Luci: E quais os programas que vocês se apresentavam?

Alberto Martinez: Na época eu era contratado pela Rede Tupi, pelo Programa Poder Jovem, apresentado por Waldir Serrão, Sônia Dias, Kid Seixas e Armando Nunes.

Luci: Quais as músicas que vocês mais tocavam?

Alberto: Nós tocávamos todas as músicas que faziam sucesso naquela oportunidade, mas também selecionávamos as músicas de compositores que tinham um determinado conceito, como por exemplo, as músicas de João Bosco, de Caetano e também músicas que eram versões de Renato e seus Blues Caps, dos Beatles e cantávamos também em inglês e português.

Luci: Vocês tinham alguma composição própria?

Alberto: Não! Não éramos compositores. Agora, toda música que fazíamos a interpretação, dávamos os nossos retoque. Não tocávamos igual como estava no disco. Dávamos a nossa personalização e isso era a marca registrada do nosso grupo.

Luci: Na época, além de músico, o que mais você fazia?

Alberto: Naquela época, eu já tinha uma formação, trabalhava em banco e já ocupava cargos de destaque no banco. Mas, eu gostava de música.

Luci: Como era a mídia na época?

Alberto:
Eu diria que hoje é muito fácil você chegar ao sucesso, porque tem até uma formula muito conhecida que é justamente a pirataria. Hoje, uma pessoa que tenha uma boa voz, performance instrumental, seja de boa aparência e tenha um repertório bem trabalhado, pode se quiser, se tornar um artista conhecido na mídia em dois anos.

Luci: E como isso pode acontecer?

Alberto: É só fazer uma gravação e espalhar os cd’s piratas e de repente ele começa a circular, a ser ouvido e o cerco se fecha, levando-o a se apresentar nos rádios e TVs. Agora, desde que você tenha um recado a dar. Pessoas desafinadas, que não tenha uma formação artística, não dão.

Luci: Quando e porque a banda terminou?

Alberto: A banda terminou em 08 de dezembro de 1977, em um baile de formatura de Medicina no Clube Baiano de Tênis. Eu já estava supersaturado, porque na época enfrentávamos uma discriminação muito grande.

Luci: Que tipo de discriminação e por parte de quem?

Alberto: A maioria das pessoas que iam para um baile, tipo o Iate Clube, Baiano de Tênis.Eles que eram associados achavam que os músicos, normalmente, eram pessoas sem formação, sem estudo, sem qualificação, sem nível social e cultural. Eram pessoas ligadas a bebida, pessoas de origem humilde, de bairros humildes e boêmios.

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